A Cidade e as Serras - Resenha crítica - Eça de Queirós
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A Cidade e as Serras - resenha crítica

A Cidade e as Serras Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Ficção e Hackeando o ENEM

Este microbook é uma resenha crítica da obra: 

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 

Editora: Via Leitura

Resenha crítica

Histórico familiar de Jacinto

O narrador do romance é José Fernandes, o melhor amigo de Jacinto, o protagonista desta história que se inicia com o seu avô, Dom Galeão. Este, um rico fidalgo, sofre um acidente inusitado: escorrega em uma casca de banana, sendo socorrido por ninguém menos que Dom Miguel, filho de Dom João VI e regente do trono português.

Contudo, Dom Miguel era defensor da monarquia absolutista em uma época na qual esse viés política atravessava franca decadência. Prova disso é que ele foi deposto em pouco tempo, fato que motivou Dom Galeão a abandoar Portugal – como prova de sua lealdade – levando consigo Dona Angelina, sua esposa.

Todos rumaram para a França, a fim de morar em Paris, fazendo da capital cultural europeia seu desterro. Para instalar a família, Dom Galeão adquire um verdadeiro palacete, localizado na Avenida Champs Elysee, número 202, onde vive em meio ao luxo e à abundância.

O casal tem um filho – Cintinho – o futuro pai de Jacinto. Quando se tornou homem, Jacinto contraiu tuberculose e recebeu recomendação médica para sair da cidade, a fim de respirar ares mais sãos.

Apaixonado por Teresinha – a filha de um amigo da família – Cintinho se recusa a deixar a cidade-luz e se casa com sua amada. Infelizmente, porém, falece pouco depois, sem ter a oportunidade de conhecer Jacinto, seu único filho.

A civilização é urbana

Teresinha dá à luz três meses após enterrar o marido. Durante a infância, Jacinto demonstra ser inteligente, saudável e muito forte.

Na idade adulto, Jacinto se filia aos ideais do positivismo, filosofia muito popular na época, considerando eu a civilização pode acontecer, apenas, nas cidades. A vida natural, por sua vez, tudo o que pode fazer é reduzir o homem à animalidade.

Sendo assim, para Jacinto, os homens não podem realizar plenamente suas potencialidades se não estiverem em um ambiente exclusivamente urbano. Uma vez que as mais modernas tecnologias se encontravam em Paris, nosso herói continuava cada vez mais deslumbrado com a vida moderna, afastando-se, sempre que podia, de estabelecer até o mais leve contato com os ambientes naturais.

A rotina de Jacinto

O tempo passa e José Fernandes se despede do amigo, partindo para Portugal a fim de cuidar de uma propriedade agrícola de seu tio. Jacinto fica abismado com o fato de que seu melhor amigo decidira, de livre e espontânea vontade, abandonar a civilização para se embrenhar no mato.

Quando Fernandes regressa a Paris, após um período de sete anos, se hospeda no palacete de Jacinto que, agora, estava completamente transformado em uma verdadeira síntese de tudo o que havia de mais moderno e tecnológico no mundo.

Ele ficou impressionado com a biblioteca de Jacinto que, desejando encerrar nela todas as descobertas dos homens, contava com mais de setenta mil volumes. Além disso, seu palacete era uma das poucas residências de Paris que possuía um elevador (embora a casa tivesse somente dois andares).

Fernandes se surpreende com a rotina atribulada que Jacinto construiu para si mesmo, promovendo várias festas e exercendo inúmeros cargos de grande importância, a despeito de particularmente não apreciar nenhum deles.

Peixe da Dalmácia

Em uma dessas confraternizações, nas quais Jacinto recepcionava figuras de grande destaque da sociedade parisiense, ele recebe um presente especial do Grão Duque: um peixe muito raro, proveniente da Dalmácia, no Leste Europeu.

Não obstante, uma série de incidentes começa a ocorrer, como a queda da energia elétrica que faz com que o precioso peixe fique preso no elevador, deixando o Grão Duque muito irritado e ofendido.

Maré de azar

Em meio a uma verdadeira maré de azar, as terras de Jacinto, em Tormes, Portugal, foi atingida por uma violenta tempestade que destruiu a igreja e o mausoléu da família de Jacinto que, extremamente pessimista e melancólico, mandou reformar a propriedade de seus antepassados.

Compadecido com a tristeza de seu amigo, Fernandes o leva para passear por Paris. Desse diálogo, Jacinto extrai uma epifania, se dando conta de que a vida na capital francesa não passa de uma ilusão.

Cada vez mais pessimista e triste, Jacinto comunica sua decisão de aproveitar a ocasião da reinauguração da pequena igreja em suas terras e visitar as serras de Tormes, em Portugal.

Após três longos meses gastos em planejamentos e preparativos, os amigos partem juntos em uma viagem desconfortável e bastante tumultuada: suas bagagens são extraviadas e eles chegam apenas com a roupa do corpo em Portugal, tendo que atingir as serras montando no lombo de um burro e uma égua.

A profunda transformação de Jacinto

Jacinto se admirava com a beleza rústica das serras e chegou, até mesmo, a beber água diretamente da bica e apreciar as tradicionais comidas locais. Ao chegar, intencionava partir para a capital Lisboa, porém, resolveu permanecer nas serras.

À noite, teve que dormir em um chão de pedra, o que fez sem reclamar. Aos poucos, foi encontrando a paz e se transformando como homem. Promoveu a reforma do casarão e ficou para sempre naquelas terras em que havia previsto permanecer apenas dois meses.

Após ter contato direto com a miséria das pessoas da região, tratou de melhorar as residências de seus funcionários e elevar os salários. Desse modo, tornou-se bastante conhecido como um benfeitor do povo, desejando construir salas de cinema e escolas para instruir aquela gente.

Nas serras portuguesas, Jacinto encontrou o amor, casou-se, teve filhos e passou a conciliar os progressos tecnológicos com a doce vida no campo.

Notas finais

Em 1878, Eça de Queirós, intelectual e diplomata português, escreveu a seu amigo Rodrigues de Freitas – jornalista e membro-fundador do Partido Republicano de Portugal – que desejava retratar, em “A Cidade e as Serras”, o velho mundo burguês, sentimental, católico, explorador e aristocrático.

Sua intenção era ridicularizar os valores e a moral vigentes, expondo-os ao desprezo do moderno mundo democrático para, assim, acelerar a sua ruína.

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Quem escreveu o livro?

Eça de Queiroz foi, além de escritor, um diplomata português e autor de romances de reconhecida importância para a cultura brasileira, como "Os Maias" e "O Crime do Padre... (Leia mais)

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